Inclusão social como item da cesta básica brasileira


Tenho postado em meu blog alguns relatos de experiências minhas com minhas sobrinhas Laís e Julia, de cinco e três anos, que estão cada vez mais ligada no mundo.

O tema que une todos esses relatos é o bem mútuo que essa convivência faz. Ninguém precisou falar para elas que, por vezes, preciso de ajuda em algumas situações cotidianas. Com base na observação, elas foram percebendo essa minha necessidade e, na medida em que se sentiam mais seguras em poder me ajudar, passaram a fazê-lo com prazer. Para elas é tudo uma grande brincadeira e através disso vão aprendendo que tem outras pessoas que precisam de mais atenção e cuidado em atividades que elas, por exemplo, já executam sem qualquer dificuldade.

Fico então pensando no quanto seria proveitoso se as escolas aceitassem mais e mais crianças com deficiências em suas salas de aula e trabalhassem para que as diferenças entre elas fossem conhecidas e assimiladas. É na convivência com o diferente que todos podemos mudar nossos olhares em relação ao outro. Quem não convive com cadeirantes não sabe o que fazer para ajudá-los. Quem não convive com portadores de paralisia cerebral também não. Neste caso, o problema ainda é maior, porque muitas vezes eles são julgados como pessoas com outros déficits, além do motor, e aí são simplesmente ignorados num canto da sala. Sei de famílias que pensam muito antes de colocar seus filhos PCs em escolas comuns, porque sabem que no dia a dia escolar seus filhos não terão a mesma atenção que as crianças normais.

Isso é muito triste. Para que a inclusão seja um item básico na vida de qualquer sociedade é preciso que a convivência entre os diferentes seja cotidiana, permanente.  Temos de aprender na prática como conversar com um surdo, como ajudar um PC a se locomover, como compreender quem fala com dificuldade de articular as palavras, como acolher o discurso de um gago, como ajudar um cego a encontrar seu destino e como ajudar um cadeirante a chegar no ambiente desejado quando não existem rampas no local.

O que temos, infelizmente, ainda hoje, são atitudes de desprezo, um virar os olhos e a cara para a realidade, e o pior é que quem faz isso acha que está agindo corretamente. Acha que o problema não é seu e por isso não lhe cabe fazer nada. Mas inclusão é um problema de todos nós. É um dever e um direito (pois todos, um dia, se sentirão excluídos de algum contexto) que precisamos exercer cotidianamente.

Eu continuo apostando na espontaneidade das crianças e achando que é na escola que vamos dar o salto qualitativo em termos da inclusão social. Basta os adultos que lá estão permitirem que isso aconteça.


Até mais,
bjo,    

Carol


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" As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem". Chico Buarque
 
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