O que é e como lidar com um paralisado cerebral



                Acabei de receber um texto sobre paralisia cerebral, escrito pela Suely H. Satow, ela também tem paralisia cerebral e é psicóloga e mais um milhão de coisas, como, um livro publicado, mestrado e doutorando. Espero um dia chegar lá, será que consigo?
Vou parar de escrever e deixar o texto da Suely, é bem pratico e interessante, fuiii.
Boa leitura!!!!!!!!!!!!!!!!



O que é e como lidar com um paralisado cerebral

Suely H. Satow

O que é a paralisia cerebral
O que é a paralisia cerebral? Segundo Karel Bobath (1979, p.11), “é o resultado de uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro, de caráter não-progressivo e existindo desde a infância. A deficiência motora expressa-se em padrões anormais de postura e movimentos,associados com um tônus postural anormal. A lesão que atinge o cérebro quando ainda é imaturo interfere com o desenvolvimento motor normal da criança”1.

Causas

As causas mais frequentes são a anóxia ou hipóxia (falta de oxigenação no cérebro) que se dá: (1) antes do nascimento da criança, por doenças virais como a rubéola, o sarampo etc., por exposição ao raio-x, por incompatibilidade sanguínea dos pais, por um acidente sofrido pela gestante etc.; (2) em decorrência do sofrimento da criança durante o parto causando falta de oxigenação no cérebro da mesma e assim matando alguns neurônios: (3) durante o amadurecimento completo do cérebro da criança, quando esta sofre um acidente batendo a cabeça, quando fica com meningite, icterícia forte etc. Segundo os especialistas 80% das crianças ficam com as sequelas da paralisia cerebral na hora do nascimento e há controvérsias quanto ao item 3 entrar ou não nas causas da pc.

Tipos

Há os tipos atetoide, no qual a criança apresenta muitos movimentos involuntários; espástica, em que os músculos ficam retesados, deixando a criança“dura”; ataxica é quando a criança não apresenta equilíbrio e anda feito “bêbado”; e a mista quando a criança apresenta os tipos misturados.
Há, além disso, as que apresentam hiper ou hipotonia.

A paralisia cerebral não é hereditária, não é doença (é sequela) e não é contagiosa, pois neurônio morto não contamina ninguém.

Quanto mais cedo essa criança for estimulada, menores serão as sequelas. Se a criança for superprotegida, ficar trancada em casa ou em instituição e não tiver estímulos externos, tratamentos fisioterápicos, de terapia ocupacional, fonoaudiológicos, neurológicos etc., não receber incentivos para a sua educação e uma convivência social, as sequelas poderão se intensificar com os anos.

As sequelas são variadas, dependendo do local onde o cérebro foi atingido. As principais são dificuldades na fala, falta de movimentos voluntários finos e retração dos músculos, causando uma imagem diferenciada das pessoas “comuns”. Sendo assim é fácil de dar o rótulo de deficientes intelectuais a nós.

Em maio de 1994 a Folha de S. Paulo noticiava que as estimativas eram de que nasciam cerca de 30.0000 a 40.000 pcs por ano no Brasil e agora vemos que as estimativas são de quatro para mil nascidos vivos no mundo (fonte de uma reportagem da Discovery Health de 2009).

Como agir quando se encontrar com um paralisado cerebral?

1-   Quando encontrar com um deficiente pergunte qual é a sua deficiência, porque nem todos que estão em cadeira de rodas são lesados medulares.
2-   Quando se encontrar com um pc, não estranhe os trejeitos dele, que é decorrente de movimentos involuntários, espasticidade, dificuldade na fala, baba e outros e aja naturalmente com ele. Afinal das contas, ele é um ser humano como todas as pessoas da sociedade, ou seja, tem sentimentos, compreensão e capacidades.
3-   Se você tiver dificuldade de entender o que ele está falando, pergunte-lhe novamente. Se ele não tiver condições de fala, procure outro caminho como o olhar, gestos, sorrisos etc. Na escola, há várias tecnologias de comunicação alternativas como o sistema Bliss, o PCS e outras, portanto, ele pode estudar e aprender como qualquer outro aluno.
4-   Não se dirija a seu acompanhante, quando ele estiver junto. Ele sabe responder à sua pergunta ou conversar normalmente com você, porque ele não é criança e sua capacidade de entendimento está intacta na grande maioria dos casos.
5-   Não o trate como a uma criança. O seu desenvolvimento é normal, como todas as pessoas ditas “normais”. Ele fica adolescente, adulto e velho como todos. Há pessoas que os vê como eternas crianças, o que não é verdade.
6-   Nem todos os pcs estão em cadeira de rodas. Há pcs que conseguem andar e quando andam, não diga “mas nem parece!”, como se a deficiência não estivesse lá.
7-   Não trate um pc como doente, porque ele não o é. Como se lê acima, a pc não é doença, não é contagiosa e não é hereditária. Ela é consequência de um acidente (isto vale também para os médicos).
8-   Não olhe para um pc como um ser de outro mundo, pois existem vários no Brasil e no mundo, como se lê acima.
9-   Não tenha medo de se aproximar de uma pessoa que use órtese (aparelhos, bengalas, cadeira de rodas e outros acessórios) Não confundir com prótese (braços e pernas mecânicas, ou qualquer outro aparelho que substitua órgãos ou membros) pois ele ajuda a quem o usa para melhorar na sua postura, no andar etc. Se tiver curiosidade, não o mexa sem antes perguntar para quem o usa mesmo sendo ele uma criança.
10-       Não exija rapidez de um pc, pois ele não a tem, porque seus movimentos finos estão comprometidos, na maioria dos                 casos, mas há maneiras de supri-las.
11-       Não haja com piedade frente ao pc, mas como uma pessoa que ele é, pois a maioria não exige maiores cuidados, mas sim, companheirismo e acessibilidade adequada. Convide-o para festas, passeios etc, pois ele também gosta de se divertir, faz aniversário, namora, estuda, viaja etc. como todos os “normais”.
12-   As palavras que não se pode dizer a um PC são: calma, cuidado, relaxe, não caia, é perigoso, fique quieto(a) e não se mexa. Estas palavras provocam mais retesamento nos músculos de um(a) PC., pois ele(a) irá se esforçar para ficar neste estado e o comando cerebral irá ser o oposto da do desejado. Ainda, se o PC tiver medo de algo, como subir ou descer uma escada, de escorregar num piso molhado ou esburacado ou escorregadio, ele irá ter mais contração muscular e assim não irá ter controle de seus movimentos voluntários.


1-      Nota: 1 BOBATH, Karel.  A deficiência motora em pacientes com paralisia cerebral.  São Paulo: Manole, 1979.




Até mais,
bjo,    
Carol 

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