Dizem que eu choco com a
minha presença. Meu jeito de andar, falar e me colocar. Será que é porque eu
não aceito o lugar que o mundo me reserva?
A vida me proporcionou estar numa família que
acredita em mim, me acolhe e me dá forças. Ela também me proporcionou, a duras
penas, poder estudar, me profissionalizar e me qualificar. Hoje sou uma mulher
que namora, quase tive um filho, profissional com especialização e muitos
projetos na cabeça.
Mas a única coisa que
parece que conta é o que as pessoas veem: minha paralisia cerebral. Daí quando
abro a boca para falar que o penso, sei e sinto, escuto a afirmação: você choca.
Choco porque não me limito a ficar calada? Choco porque prefiro o meu andar
cambaleante a ficar numa cadeira de rodas?
Choco porque acredito que
possa ser produtiva, criativa e colaborativa no mundo do trabalho? Por vezes,
propostas aparecem, mas também desaparecem na sequencia. Ficam apenas as palavras
de promessas que não se concretizam. E no eco dessas palavras cresce a minha
dor.
Peço um favor aos
desavisados que pensam me ajudar com seus belos discursos e falsas promessas:
parem de me chocar com seus modos crus de me mostrar a realidade da exclusão
social.
( Se esta
história te toca de alguma forma, compartilha. Quem sabe mais pessoas lendo, a
gente consegue mudar a cultura da invisibilidade de alguns grupos sociais)
Até mais,
bjo,
Carol
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