Vestibular parte 1

Os primeiros vestibulares, foram um teste para saber como seria depois. Hoje, percebo que não tinha nenhum amadurecimento para prestar aquele vestibular. Não estava preparada nem no aspecto acadêmico, nem no emocional.

Para realizar estes exames seria necessária também a presença de um escriba, caso contrário demoraria quase um dia inteiro para terminá-los. Enfrentar a situação de ter um outro escriba que não fosse a que me auxiliou durante o Ensino Médio, foi muito difícil. Tentar descobrir como me comunicar com alguém desconhecido na linguagem da química, da física e da matemática, que até para mim não era muito fácil, foi algo desgastante e cansativo.

Enquanto um vestibulando tem de se deparar com a prova e seus sentimentos unicamente, eu tinha de me deparar com isso e com um outro, com quem não tinha a menor intimidade e que, por vezes, achava que eu estava brincando de vestibular. Tipo café com leite. Isso aconteceu em praticamente todas as instituições em que prestei vestibular. Não vou dar nomes aos bois, mas quero deixar claro que foram faculdades renomadas de São Paulo. Não foi pequena a batalha que enfrentamos.

Os primeiros escribas que me foram designados eram excelentes pessoas, mas com total despreparo. Eles não sabiam nada sobre a matéria que eu estava lhe ditando.

Não é uma questão de me valer do conhecimento do outro para tirar vantagens na realização das questões. É apenas poder transmitir meu raciocínio sem ter de ensinar como o meu escriba deveria montar, por exemplo, uma equação. A tarefa aí fica duplicada e eu saio em desvantagem em relação aos outros concorrentes. Enquanto estes resolvem as questões, eu antes de resolvê-las tinha de, muitas vezes, ensinar como isso era feito para que meu escriba pudesse escrever adequadamente aquilo que eu lhe ditava. Se o vestibular fosse só da área de Humanas, esse problema não existiria. Mas o caso é que existe a área das exatas e a resolução de muitas questões passa por um conhecimento muito específico de símbolos desta linguagem que não é do conhecimento de todas as pessoas.

Um exemplos para ilustrar bem a situação. O estudante de Turismo, que foi um dos meus escribas, não conhecia a fórmula de velocidade na Física. Quando lhe ditei, para resolver uma questão: ‘DELTA V igual a DELTA S sobre DELTA T’, ele não sabia como registrar essa expressão no papel. Como então explicar-lhe o que era o Delta? Ou o V, o S, o T? E o significado do sobre? Desisti de tentar explicar que o Delta era um triângulo e que o sobre significava uma fração. Fica totalmente inviável ensinar passo a passo algo que precisa de um raciocínio maior. Ou eu bem resolvia a questão ou explicava a ele como registrar meu raciocínio no papel. As duas coisas juntas, nem pensar, ainda por cima, num momento de tensão, como é o vestibular.

Então para os próximos vestibulares, duas alternativas: ou eu virava uma expert em exatas a ponto de não me enrolar em resolver uma questão ao mesmo tempo em que explicava a matéria ao meu escriba ou eu tinha ao meu lado alguém que conhecia a matéria. Batalhamos pela segunda opção, já que Deus não me dotou de conhecimentos dessa grandeza.

Até mais,

bjo,

Carol

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